Wednesday 29 November 2017

António Costa com a corda ao pescoço - The rope tightening around António Costa´neck

Unelected PM, António Costa, 
feeling the rope around his neck, tightening

Aos que agora descobriram que o “fim da austeridade” 
é afinal a “rendição à Fenprof”, é preciso perguntar: 
que esperavam que António Costa fizesse
 para se manter no governo?

To those who have recently discovered that the "end of austerity"
 is ultimately a complete "surrender to Fenprof," 
one must ask: 
what did they expect Antonio Costa to do
 to remain in the government?

Em Outubro de 2015, os eleitores portugueses escolheram 
entre dois candidatos principais a primeiro-ministro, 
Pedro Passos Coelho e António Costa. 
Optaram maioritariamente por Passos Coelho. 
Mas umas semanas depois, António Costa, o derrotado, 
agarrou a desesperada disponibilidade de outro derrotado, ~
o Partido Comunista, que trouxe a reboque o Bloco de Esquerda, 
e fez os acordos necessários para alcançar no parlamento 
o que não conseguira nas eleições. 
Costa fez-se assim primeiro-ministro não-eleito. 

In October 2015, Portuguese voters chose 
between two main candidates as prime minister, 
Pedro Passos Coelho and António Costa. 
They opted mainly for Passos Coelho. 
But a few weeks later, António Costa, the defeated, 
seized with desperation a suggestion of another defeated partner,
the Communist Party, who brought the extremist marxists in tow, 
and together made the necessary arrangements 
to achieve in parliament, what he did not achieve in the elections. 
Costa became an unelected prime minister.

Durante dois anos, as eleições de 2015 
foram apagadas da história do regime. 
Se era preciso criticar o governo, 
que se falasse de “problemas de comunicação”. 
Da noite de 4 de Outubro de 2015 é que não. 
Mas esse permanece o ponto de partida 
necessário para compreender o que se está a passar. 
A tradição de o governo caber aos partidos vencedores das eleições - 
e não aos derrotados, tinha a sua razão de ser -, 
tal como o costume de os primeiros-ministros 
precisarem de um mandato eleitoral 
e não apenas de uma maioria parlamentar.

For the last two years, the 2015 elections
 have been erased from the regime's history. 
If it was necessary to criticize the government, 
let's talk about "communication problems".
 The night of October 4, 2015 is not. 
But this remains the necessary starting point 
for understanding what is going on in Portugal. 
The tradition used to be: the parties that won the elections, 
would form a government, not the defeated ones, 
had its reason of being, 
just as the custom was, that to become prime minister,  
 an electoral mandate and not just a parliamentary majority, 
was needed.

Viu-se isso com Pedro Santana Lopes em 2004, 
e está-se a ver agora com António Costa. 
Quando o poder político, numa democracia como esta, 
não tem a força de uma vitória eleitoral, 
isto é, da convicção dos eleitores, 
tende a tornar-se um vazio,
 que nenhum Diário da República, 
manobra parlamentar 
ou feitiço orçamental 
serão capazes de preencher. 

As was the case with Pedro Santana Lopes in 2004, 
and now with António Costa.
 When the political power, in a democracy like this, 
does not have the legitimate enforcement of an electoral victory, 
that is, the conviction and choice of the voters, 
it becomes a weak and meaningless void,
that no decree in the Diário da República, 
or any clever parliamentary maneuver 
or magical budget spell, 
will be able to fill.

Aos que hoje se queixam do que antes eram “habilidades” 
e a que agora chamam “cambalhotas tristes”, 
ou aos que descobriram que o “fim da austeridade” 
é afinal a “rendição à Fenprof”, 
é preciso perguntar: que esperavam, nestas circunstâncias, 
que António Costa fizesse para se manter no poder de governo, 
a não ser este circo de concessões ao PCP 
ou de equívocos com o Bloco de Esquerda?

To those who today complain about what were once Costa's "skills" 
and what they now call "sad somersaults," 
or those who have discovered that the "end of austerity" 
is an ultimately "surrender to the trade Union Fenprof," 
one must ask: what did they expect from António Costa 
to keep himself in the power of government, 
other than this circus of concessions to the Communists 
or going back on promises made to the extremists 
just three days ago?

Entre aqueles que passaram dois anos muito despreocupados, 
parece que há agora quem se comece a preocupar. 
Deploram a divisão da população 
entre os sindicalizados do PCP no Estado, 
de um lado, e os empregados do sector privado 
e trabalhadores independentes, do outro. 
Fazem contas ansiosas, 
não apenas aos compromissos de aumento de despesa 
e diminuição da receita para 2018, mas já para 2019. 
Sabem que governos minoritários socialistas, 
desesperados por aplauso e suporte, 
foram os anunciadores de todas as aflições em Portugal 
nos últimos anos, em 2001 tal como em 2011. 

Among those who have spent the last two years very carefreely, 
it now seems that there are those who are beginning to get worried. 
They deplore the division of the population 
between the communist trade union members in the state,
 on the one hand 
and the private sector and self-employed workers on the other. 
They are anxiously trying to work out numbers, 
not only for current commitments to increase spending 
and foreseen decreased revenues in 2018, but also for 2019. 
They know that minority socialist governments, 
desperate for applause and support, 
have been responible for all the financial afflictions in Portugal
 in recent years, in 2001 as in 2011.

As taxas de juro, entretanto, prometem subir, 
e tornar o nosso endividamento 
e a nossa baixa produtividade novamente assuntos 
de conversa entre os investidores. 
O que custará o fim dos juros baixos a um Estado 
sobrecarregado de despesa e a cidadãos apertados 
por uma malha fiscal tão implacável, 
que aumentos de salários,
 podem significar diminuição de rendimento?

Interest rates, in the meanwhile, are sure to rise, 
transforming our debt and low productivity 
again a subject of conversation among foreign investors. 
What will happen to a State burdened with over-spending, 
at the end of low interest bonanza, 
with its citizens tightened by such a relentless fiscal system,
 that even reasonable wage increases
 can actually mean a decrease in income?

Não sei o que vai acontecer. 
Ninguém sabe, 
desde que os velhos projectos do regime 
faliram em 2001-2002. 
Uma coisa sei, porém: 
a actual maioria social-comunista 
nunca será capaz de fazer mais do que o que já fez, 
que é aumentar os salários e pensões dos dependentes do Estado, 
com esperança de se reeleger em 2019. 
Os últimos dois anos provaram que António Costa 
e os seus parceiros nunca tiveram, 
de facto, alternativa nenhuma.

I do not know what will happen. 
Nobody knows, 
since the old scheme projects failed in 2001-2002. 
One thing I know, though: 
the current social-communist majority 
will never be able to do more than it has done, 
which is to raise the wages and pensions of state dependents, 
with the hope of being re-elected in 2019. 
The last two years have proved that António Costa 
and his extremist, communist-marxist partners 
have never really had any alternative.

Porque consumir a folga criada pelo ajustamento da troika, 
pela política do BCE, pelo petróleo barato 
e pelo crescimento económico na Europa, 
compensando eventuais desequilíbrios 
com cativações e impostos 
— é um expediente, mas não é um plano. 
Como ontem se diziam uns aos outros 
os deputados do PS e do BE, 
vivemos em Portugal o “pior cenário da política”.

To consume the slack created by troika adjustment program, 
the generous ECB policy, cheap oil and economic growth in Europe, 
offsetting possible imbalances with captivations and taxes 
- is an expedient, but it is not a plan. 
As the deputies of the Socialist Party and extremists Leftist Block 
 said to each other yesterday, 
we live in Portugal the "worst scenario of politics".

Article by Rui Ramos in the "Observador" newspaper


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