Sunday, 17 April 2016

De Jacto privado, Costa e a tragédia Grega - um erro trágico para Portugal

No jacto Falcon, a caminho da Grécia, António Costa vai declarar
o fim da austeridade na Europa

A recente visita de António Costa à Grécia 
foi uma óptima notícia para Alexis Tsipras e um erro trágico para Portugal. 
O primeiro-ministro das nossas esquerdas podia ter optado 
por uma fotografia entre países iguais, ou parecidos, na Irlanda, 
que como Portugal cumpriu o ciclo de ajustamento com sucesso 
e se juntou ao conjunto de nações livres da intervenção externa. 
Mas não. 
Preferiu estender a geringonça além-fronteiras e dar a mão a Tsipras, 
que é como quem diz ao BE de lá, 
achando normal a confusão com Grécia do Syriza.
Concluindo sobre o encontro disseram:
"Nós, como primeiros-ministros de dois países 
com uma experiência política semelhante 
no contexto dos respectivos programas de ajustamento, 
partilhamos a convicção de que as políticas de austeridade são erradas 
e insuficientes para superar os desafios existentes".

Nada mais falso, contudo. 
Ninguém de bom senso deseja políticas de austeridade. 
Mas se os países foram, ambos, sujeitos a programas de ajustamento, 
é evidente que as experiências políticas no seu contexto 
ficaram a anos-luz de diferença. 
Dizer o contrário, para além do disparate, 
não ajuda a Grécia e prejudica Portugal.


- Portugal teve um só resgate. 
A Grécia vai no terceiro.

- A troika saiu de Portugal em 17 de maio de 2014. 
A Grécia continua sob assistência, 
discutindo novas medidas adicionais.

- Até há seis meses, Portugal financiava-se em diferentes prazos, 
com as mais baixas taxas de juro da Zona Euro. 
A Grécia está longe disso.

- Portugal nunca teve perdões de dívida. 
A Grécia teve a seu tempo um perdão de metade da dívida, 
que na benesse foi superior à totalidade da ajuda externa ao nosso país. 
Quando a confiança vale ouro, António Costa permite-se contaminar 
a que Portugal conquistou, cumprindo, com a colagem a uma tragédia que é grega, 
porque a seu tempo houve quem se convencesse que um país 
se pode governar com proclamações revolucionárias, 
em vez de contas bem feitas.

Paradoxalmente, o governante português escolheu para parceiro na luta
 contra a austeridade quem venceu eleições gritando que "o Sol voltou à Grécia" 
e "a Grécia não mais se curvará à vontade dos credores", 
mas já somou mais cortes de salários e pensões e aumentos de impostos 
e privatizações que jurava não faria, 
do que qualquer outro governante antes de si.

Há um ano, António Costa dizia que "a vitória do Syriza 
é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha". 
Tem cumprido. E desde que o PS é poder, 
as perspectivas sobre a economia portuguesa degradam-se todos os meses.
Cada um escolhe os amigos que quer.

DEPUTADO EUROPEU
Nuno de Melo

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