Mário Centeno, Ministro das Finanças
Quando tudo passou a ser cor de rosa e não cor de laranja,
e se abriu um novo ciclo, aparentemente folgado
e não apertado,
eis que a austeridade apareceu para nos lembrar
que ninguém está a salvo.
Porque enquanto houver buracos,
bancos e banqueiros maltrapilhos,
especulações, corrupções
e esquemas que consigam derreter €40 mil milhões,
ela vai continuar por aí.
E não há ginásticas mentais ou orçamentais,
comunicados, linguagens técnicas
e técnicas de retórica que a escondam.
Nem à direita. Nem à esquerda.
Nem ao centro.
Baralhar e voltar a dar.
Por exemplo, o Público faz manchete com os condutores que
"vão pagar mais 580 milhões este ano",
o Jornal de Notícias titula que
"as gorduras do Estado aumentam 912 milhões de euros",
e o jornal i
fala das despesas dos gabinetes governamentais
que disparam para 58 milhões".
Resumindo as coisas,
o Diário Económico diz que este é
um Orçamento de compromisso,
para tentar agarrar os parceiros da coligação
e as exigências da CE,
feito com "um pacote de austeridade com efeito incerto".
Para o Jornal de Negócios,
chegou o tempo da "nova austeridade".
Perguntaram a Mário Centeno
se a redução do horário de trabalho
de 40 para 35 horas semanais na função pública
tinha pernas para andar.
E Centeno respondeu que não podia responder
porque tinha de esperar para perceber se isso
implicava o aumento das despesas.
Mas houve quem decidisse não esperar.
No dia seguinte,
já com a entrevista do Expresso lida e digerida,
António Costa,
que é o chefe de Centeno,
desdisse o seu ministro das finanças:
não se preocupem, minhas gentes,
o prometido é devido,
as 35 horas de trabalho
vão começar a 1 de julho.
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