O que foi feito das contas todos feitos ANTES das eleições?
Do grupo de 12 economistas a quem o PS pediu para traçar o cenário macroeconómico do seu programa eleitoral, saíram, até agora, os três principais ministros das áreas económicas; dois secretários de Estado; um assessor económico do primeiro-ministro; e ainda dois dos deputados com mais destaque na Comissão de Orçamento e Finanças.
Além de terem sido decisivos na definição do programa com que o partido concorreu às eleições, é inquestionável a influência que estes economistas têm agora na condução da política económica do Governo.
Mas o que aconteceu com este documento tão perfeito, tão bom, que prometia a virar da página a austeridade, e colocar Portugal num caminho da prosperidade, sem austeridade, sem preocupações financeiras, revertendo TUDO o que o PSD/CDS "estragou, roubou, aos portugueses?"
Onde esta estes valores agora? Perdido em Brusselas?, nos acordos com os marxistas, troikistas?
A principais mudanças
Nas negociações com a esquerda:
- Os cortes salariais na função pública vão desaparecer mais depressa
- A redução da sobretaxa do IRS é acelerada
- Só os trabalhadores com salários abaixo de 600 euros passariam a pagar menos TSU
- Desaparece a intenção de cortar a TSU paga pelas empresas
- O despedimento conciliatório é eliminado do programa do Governo
Nas negociações com Bruxelas:
- Foram introduzidos novos impostos que aumentam a tributação sobre os combustíveis, as compras de veículos, o tabaco ou o acesso ao crédito ao consumo
- O corte da TSU para os trabalhadores com salários inferiores a 600 euros foi afinal adiado
- Será recuperada a regra que apenas permite a entrada de um trabalhador por cada dois que deixam o Estado
Nós temos é um Governo que começa com um programa eleitoral irrealista
que vende uma série de ilusões, um esboço que teve várias revisões
e mudanças e quem o dizia era o Conselho de Finanças Públicas
e a UTAO [Unidade Técnica de Apoio Orçamental].
Agora chegamos a um Orçamento que é mais uma revisão
bastante diferente do ponto inicial,
com muitas mudanças
e o que mais nos preocupa não só são riscos
de incumprimentos importantes
como o que lá está é muito contraditório.
Um orçamento que passa em Bruxelas é absolutamente o mínimo,
faz parte da normalidade.
O Governo, que apresenta um esboço orçamental como aquele,
tão irrealista e que tem de ser muito mudado, parte derrotado.
Quando se chega ao fim, nada bate certo.
Quanto aos rendimentos devolve uma parte a alguns,
pede por outro lado, pede à classe média e às empresas.
Dá por um lado e tira pelo outro.
É um Orçamento que castiga as empresas e a economia,
não vai acelerar o crescimento, não vai criar emprego
e é muito pior no investimento.
Não faz a consolidação orçamental como deve.
Revendo tudo, pondo em causa quase tudo o que disse antes,
e apresentando uma manta de retalhos,
mostra um Governo sem rumo.
Este percurso do Governo socialista é de cedência em cedência em cedência.
Criar estas novelas de divergência, de confrontação,
chegando ao fim com a credibilidade afectada,
porque teve que se mudar todos os números, todas as previsões,
com uma estratégia que não bate certo,
isso é uma coisa muito pouco adulta.
Não é boa para o país.
O aumento da carga fiscal de mais de 1200 milhões de euros
que é pago por todos.
O aumento nas famílias, na classe média
e nas empresas não financeiras
é brutal.
Um é fazer um exercício que continua com falta de credibilidade
e com riscos de crescimento, que coloca em causa a atracção de investimento.
O outro, é saber se vamos ter um país mais rico, mais próspero,
com mais emprego. Nós hoje sabemos que não.
Não somos só nós a dizer.
A própria revisão dos números do Governo diz isso,
que o crescimento não acelera,
que o crescimento do emprego desacelera,
que as exportações desaceleram,
que a diminuição do desemprego desacelera.
Erro e eleitoralismo teria sido eliminar a sobretaxa,
sem que houvesse condições para isso.
Isso foi o filme que nós vimos em 2009, ano de eleições,
com José Sócrates a tomar uma série de medidas
de aumento de rendimentos que não eram sustentáveis
e que em dois anos deram um estoiro.
A pergunta é se este orçamento não é feito a pensar em eleições,
para ganhar eleitoralmente
e borrifar-se no país.
As escolhas são completamente contraditórias.
Devolve-se rendimentos e a seguir vai-se pedir.
Diz que se quer fazer crescer a economia mas castiga-se as empresas com impostos, reduzem-se os incentivos ao investimento,
designadamente do IRC,
a consolidação orçamental tem muitos riscos
e é feita pelo lado da receita.
Não há rumo.
A única coisa que vemos é que se está a criar uma ilusão
de facilidade e de irrealismo.
Parece que a única preocupação é uma sedução eleitoral
sem querer saber sobre os efeitos de longo prazo.
Querer pôr o interesse eleitoral à frente dos interesses do país
é uma coisa típica do PS.
António Costa, que era número dois do PS que fez isso em 2009 e 2010,
está a voltar a aplicar a mesma receita.
Como é que os partidos de esquerda se vão entender é com eles.
São eles os únicos responsáveis por este orçamento,
pelas metas que ele tem e pelos resultados que vai alcançar.
Temos um governo com outra maioria.
É uma maioria que tem um preço e nós percebemos o preço.
Este aumento inesperado de impostos e este castigo à economia
e ao emprego que o orçamento traz
é o preço que o país está a pagar
pelos acordos de esquerda que foram celebrados.
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