Friday, 1 April 2011

Sócrates - O cadáver político - Octávio Ribeiro CM

O que de mais ridículo e assombroso se vai ver nas próximas semanas será um partido com a tradição racional – dimensão, cultura da crítica e responsabilidade política –, como é o PS, acéfalo e unido em torno de um cadáver político. Todos os discursos, palmas e laudas que se ouvirão no congresso e na campanha pretendem devolver ao poder e ao domínio da vida política José Sócrates, o táctico. Sócrates pode ser incensado, mas não ressuscitará como alternativa para o País.

Sócrates está incapaz.

A máscara vai caindo a cada novo número real arrancado da macroeconomia.

Afinal, o caos já morava aqui.

Um caos tremendo, escondido de forma mitómana e autoritária.

Sócrates apresentou – nas costas do Povo, do PR, do Parlamento, do seu próprio partido – um novo pacote de austeridade onde estrangulava pensionistas e famílias.

Nestas circunstâncias verdadeiramente excepcionais, Passos Coelho acha melhor preservar pensões e deduções. Prefere, "se for necessário" – e quem ainda acha que não será? –, aumentar o IVA.

Eis que logo uma plêiade de regurgitadores de compêndios se levanta contra a utilização deste "imposto cego" e aponta o seu efeito sobre o consumo.

Salvaguardado a 6% um pacote justo de bens de primeira necessidade – onde não cabem golfe nem Golf –, parece uma medida equilibrada.

Já não há receitas indolores. O excepcional aumento do IVA parece uma das mais hábeis medidas possíveis. É um imposto cego? Pois é. Mas os consumidores têm cada vez mais os olhos abertos. Urge travar importações, que não baixam quando se congelam pensões de 300 euros.

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