Friday, 22 April 2011

Economia avaliada em negativo!!

Álvaro Santos Pereira, licenciado em Economia em Coimbra,
doutorado no Canada, em Simon Frazer University,
onde lecciona, actualmente, Política Económica e Desenvolvimento Económico.

"A minha avaliação da política económica do Governo
dos últimos 6 anos é muito negativa. Pior seria difícil.
Durante as duas legislaturas, o Governo teve uma política
de apoio aos sectores mais protegidos da economia nacional,
bem como uma insistência pouco salutar em realizar
grandes obras públicas altamente dispendiosas
e com muito pouca utilidade para a nossa economia.
Por outro lado, na última legislatura,
a política económica quase não existiu.
Tem sido tudo uma série contínua de remendos
de medidas e de políticas pouco planeadas
que faz pouco sentido.
Não há o mínimo de estratégia
da política económica neste momento.

Porém, é importante perceber que o Governo acordou tarde de mais para praticamente todos os problemas do país, desde a nossa excessiva dívida externa, passando pela escalada da dívida pública, até aos nossos problemas de competitividade. Por isso, a falta de apoio atempada às empresas exportadoras foi só mais um caso da política irrealista e irresponsável que tivemos nos últimos anos. Só quando se apercebeu que todas as políticas que tinha lançado (grandes obras públicas e política económica baseada no "betão") tinham falhado é que o Governo se virou para as exportações. Fê-lo, sem dúvida, tarde de mais. Para mal do país.

Portugal é dos países europeus que mais gastam no apoio às empresas. Porém, essas ajudas são concedidas muitas vezes com critérios pouco transparentes e quase sempre são atribuídas aos sectores pouco expostos à concorrência internacional. Em contrapartida, Portugal é dos países europeus que menos apoios concedem às empresas inovadores e mais empreendedoras.

é importantíssimo restaurar a credibilidade do país e da política económica. É importante lembrar que passámos de país modelo (o célebre "bom aluno") do início dos anos 90 para um país à beira da bancarrota em 2011. Ora, quando os investidores estrangeiros olham para nós e vêem um país com governantes irresponsáveis e com uma gestão macroeconómica desastrosa, decerto que pensam duas ou três vezes antes de investirem. Por isso, e se queremos mesmo inverter esta situação e atrair o investimento estrangeiro, é absolutamente fundamental credibilizar a política macroeconómica com um programa de políticas mais realista e responsável."


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