Há precisamente 10 anos, a Caixa Geral de Depósitos,
recebeu ordens políticos para entrar numa aventura industrial luso-espanhola.
Investimentos e créditos dados dentro do comportamento de risco.
Mas hoje chegou a factura!
A Caixa Geral de Depósitos arrisca perder mais de 900 milhões de euros.
Decisões de investimento e de financiamento quando José Sócrates era primeiro
ministro com dois socialistas à frente do banco: Carlos Santos Ferreira
e Armando Vara, o seu vice-presidente.
A dimensão dos prejuízos são enormes!
Mostra ainda as ligações intrincadas entre alguns gestores,
e a política, que fizeram a história da CGD
entre 2000 e 2011.
A empresa espanhola La Seda (que produzia poliéster termo plástico
para fabricar garrafas e outros produtos em plástico) e a das
empresas portuguesas Selenis (accionista da La Seda e fabricante de plásticos),
Artlant (a fornecedora da La Seda) e Barbosa Almeida (accionista).
Empresas com estratégias diferentes que se cruzam num dado momento,
entre 2006 e 2010.
No meio, como pivó, esteve sempre a Caixa Geral de Depósitos.
O banco que foi ao mesmo tempo:
1) financiador da La Seda, da Artlant,
da Selenis e da Barbosa e Almeida;
2) investidor da La Seda e da Artlant;
3) e promotor do projecto que iria revitalizar
o complexo de Sines.
que chegou a deter 24% da empresa catalã,
integram a lista dos grandes devedores da Caixa.
Mas, estão INSOLVENTES!
La Seda pediu a proteção contra devedores.
A Artlant está ao abrigo de um plano especial de revitalização (PER),
A Selenis (hoje Júpiter) declarou-se falida.
A dimensão da exposição da Caixa a este núcleo empresarial não é igual:
1) na La Seda investiu 121,3 milhões de euros e deu financiamentos de 75 milhões;
2) na Artlant aplicou 25 milhões de euros e reclama créditos de 520 milhões;
3) à Selenis (do grupo Matos Gil) emprestou 165 milhões de euros.
Dez anos depois de realizar o primeiro de vários investimentos na esfera empresarial
da espanhola La Seda, a Caixa, o banco público, arrisca perdas (em dívida e capital)
superiores a 900 milhões de euros, ou seja, quase 22% do esforço público (4100 milhões)
de recapitalização que vai ser feito na Caixa (de 5200 milhões).
O mais ruinoso foi os mais de mil milhões que a Caixa emprestou a vários accionistas
do BCP para, em 2007, entrarem na guerra de poder da instituição concorrente.
Para além reflectir eventuais erros de avaliação,
o caso La Seda e as suas derivações expõe de forma crua
os comportamentos de risco comuns a toda a banca durante a década passada.
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