Quando rebentou o escândalo Wikileaks,
Lula da Silva elogiou Julian Assange
por ter divulgado informações confidenciais.
O vídeo com essas frases está agora a ser usado contra o ex-governante.
Enquanto os brasileiros assistem atónitos ao desenrolar
da novela político-jurídica em que o país se viu envolvido nas últimas semanas,
o passado parece não querer deixar Lula da Silva em paz e volta agora para o atormentar.
“Quando um rico rouba, vira ministro”
foi uma das frases mais repetidas durante a semana passada,
mas não foi a única que os comentadores e internautas brasileiros foram buscar
ao baú das memórias.
“O culpado não é quem divulgou. O culpado é quem escreveu”,
disse Lula em 2010, quando rebentou o caso Wikileaks,
apontando o dedo aos responsáveis políticos dos Estados Unidos
que se tinham deixado apanhar na teia de Julian Assange.
“Se ele leu, é porque alguém escreveu”, afirmou Lula na altura,
num discurso que ficou registado em vídeo.
O vídeo foi agora recuperado por Augusto Nunes, colunista da revista Veja,
que nos seus textos deixa clara a pouca simpatia que tem pelo ex-presidente do Brasil.
“O culpado não é quem divulgou, o culpado é quem escreveu.
Portanto, ao invés de culpar quem divulgou, culpem quem escreveu a bobagem,
porque senão não teria o escândalo que tem”,
dizia Lula da Silva, criticando a detenção de Julian Assange
e a passividade com que os meios de comunicação lidaram com o caso.
“Troque ‘bobagem’ por ‘conspiração criminosa’,
‘tramóia contra o Estado Democrático de Direito’, ‘coisa de bandido’,
algo assim ─
e o vídeo se transforma numa manifestação
de apoio ao fim do sigilo das conversas grampeadas [escutadas] pela Polícia Federal”,
escreve Augusto Nunes,
que não é meigo nas palavras restantes.
“Graças à divulgação do falatório grampeado,
o Brasil pôde ver de perto o modus operandi, a alma safada,
o vocabulário repulsivo, a cabeça deformada e o caráter obsceno
dos quadrilheiros envolvidos
no maior esquema corrupto de todos os tempos”, lê-se.
Na semana passada, depois de ter aceitado integrar o governo de Dilma Rousseff
- ganhando assim o chamado foro jurídico privilegiado
que atira um possível julgamento por corrupção para o Supremo
e não para um tribunal de primeira instância –,
Lula viu algumas escutas telefónicas de conversas
entre ele e a Dilma a serem divulgadas na imprensa brasileira.
Foi o investigador principal do caso Lava Jato,
Sérgio Moro,
que tornou essas escutas públicas.
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