Friday, 27 May 2011

Como se cria "um caso" contra um adversário


"Nós devemos sempre lamentar que a campanha eleitoral possa ter episódios com confrontações e de uma forma menos correcta do que o que deveria ocorrer»,

afirmou Passos Coelho aos jornalistas em Vila Real.

«Lamento profundamente o que se passou ontem. Seja com o PS, seja com qualquer outro partido».

«Não creio que para poder mostrar a nossa indignação, e às vezes as pessoas têm razões para estarem indignadas, nós precisemos de utilizar outros meios que não sejam os mais pacíficos»,
afirmou, mas não deixou de frisar:

«Da mesma maneira, também não é normal que quando as pessoas se querem manifestar sejam tratadas de forma violenta».

«Espero que esse episódio não se volte a repetir na campanha eleitoral. Foi um episódio lamentável», afirmou.

Questionado sobre um eventual incidente semelhante na campanha, Passos Coelho afirmou: «Que eu conheça não ocorreu nenhum episódio até hoje nenhum episódio. Não temo [que venha a acontecer], nem connosco, nem com ninguém. Espero que não».


Augusto Santos Silva

simplesmente quer criar "outro caso"
para tramar Passos Coelho

Insatisfeito com as suas declarações acerca dos incidentes de ontem à porta do comício do PS,


o dirigente socialista exigiu saber:


1)"até ao final do dia - e já tarda - se condena ou não os incidentes provocados contra um comício do PS;


2)se teriam algum direito de o fazer;


3)e se essas pessoas foram maltratadas.


Se achar, o dr. Passos Coelho não entende o que é a liberdade, o que é o direito de reunião, isto é, a democracia."


Na abertura do almoço/comício com militantes e apoiantes, o ainda ministro da Defesa jogou, como sempre, ao ataque. Dizendo que as declarações de Passos desta manhã "não chegam, são demasiado ambíguas", afirmou que

"o que se passou ontem, perturbando o comício do PS, é demasiado grave para deixar em claro. E é importante para o teste das convicções democráticas de cada um, grave demais para cada um fugir", disse, falando claramente numa "tentativa de boicote".

Depois, ainda responsabilizou o PSD pela criação de um clima propício a incidentes "desta natureza". Porque "não pode haver lágrimas de crocodilo", apontou o dedo a "uma campanha que tem sido dirigida sistematicamente contra o líder do PS, que tem recorrido ao insulto e agressão gratuitas. É esse clima que tem ajudado a criar estes efeitos, certamente indesejados", disse. Mais à frente, Santos Silva pediria até que se "acabem com as comparações" (as feitas na campanha laranja entre Sócrates e Hitler, Saddam ou o drácula, estava implícito), para que outros incidentes como os de ontem não se repitam.

Com uma intervenção centrada no que aconteceu em Faro, Augusto Santos Silva ainda falou da "inversão" de papéis - "quem boicota é que foi maltratado?". E fechou o tema, dizendo que


"não chega lamentar. Ou se condena ou não se condena.

Se não se condenar, perdoa-se, disfarçar-se, secundariza-se".



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